Embora tenha tido a opinião favorável do vereador que tutela os assuntos do Cemitério Municipal de Cabeceiras de Basto, a decisão de recusar o enterramento, a 14 de setembro, de uma senhora falecida num lar da vila, foi do coveiro municipal. A informação – em reação a uma pergunta dirigida ao executivo pela coligação de direita – foi dada pelo próprio vereador Fernando Basto.
«[Naquele sábado] fui confrontado por um funcionário da Câmara Municipal de que existiria uma pessoa que teria falecido que não era de cá, de Cabeceiras, que seria de Atei, que estaria cá, num lar. E o que eu disse, bem, se é de Atei, terá de ir para Atei, não para Cabeceiras, porque o regulamento assim o permite. (…) Só tive esta conversa, não tive mais papel nenhum, não tive um requerimento, não tive nada; foi só uma conversa com o funcionário», contou o autarca socialista ao plenário municipal.
O assunto foi noticiado pelo Terras de Basto na sua última edição impressa, que assim deu conta da recusa do enterramento em Cabeceiras de Basto, alegadamente por não haver espaço no cemitério municipal, tendo sido recomendado aos familiares da senhora falecida que a enterrassem na localidade de origem do marido, Atei, em Mondim de Basto.
O próprio marido disse a este jornal que lhe foi sugerido em alternativa a realização do funeral em Basto-Santa Senhorinha, que recusou por a localidade não lhe «dizer nada», contrariamente a Cabeceiras de Basto, onde vivem há muitos anos.
O Terras de Basto apurou, entretanto, que a senhora falecida, tendo embora nascido em Canedo, no concelho de Celorico de Basto, se mudou aos dois anos para a vizinha Vila Nune, em Cabeceiras de Basto, residindo desde 2017 na vila cabeceirense, no n.º14 da Rua Emídio Guerreiro, o que se verificou até alterarem a sua residência para o Lar da Misericórdia de Refojos.
Arlindo Rodrigues, o marido da senhora falecida – que acabou por enterrar na sua terra de origem, ele sim, de Atei – avalia agora a possibilidade de acionar meios jurídicos a reivindicar a trasladação do corpo para o cemitério cabeceirense, como era sua vontade expressa.
«Estou revoltado com isto; a minha mulher não pôde ser enterrada na terra de que gostava, onde estava recenseada, como eu estou, há tantos anos», desabafou então aquele familiar.
Pela sua parte, o vereador da tutela prefere dizer agora que «o cemitério tem hoje 28 campas disponíveis, mais oito em construção» e que foi adquirido o terreno para o alargamento», cujo concurso «está já a decorrer». [JPM].