A Pista de Pesca Desportiva de Cavez, em Cabeceiras de Basto, não tem mais condições para funcionar depois da intervenção que ali foi feita pela empresa espanhola “Iberdrola” na sequência da construção da barragem de Daivões.
A convicção é dada a conhecer pelo líder da oposição na Câmara Municipal, o social-democrata Manuel António Teixeira, que visitou agora o equipamento, acompanhado, entre outras pessoas, por Dâmaso Pereira, ex-presidente do Clube de Caça e Pesca de Cavez.
A pista, ora sob custódia da “Iberdrola” – de acordo com o presidente da Câmara, «não foi ainda rececionada» –, está desativada desde 29 de maio de 2018, nada menos do que há sete anos.
«Da forma como foram realizadas as obras, esta pista não funcionará e mais grave ainda é o facto de ter sido apresentado um projeto ao Clube de Caça e Pesca de Cavez e à população que não corresponde ao executado», diz o líder da coligação “Fazer Diferente”, lembrando que este facto é do conhecimento dos dirigentes da Associação Regional do Norte de Pesca Desportiva.
Manuel António Teixeira diz ainda que «mais grave» é ainda o facto de ter perguntado várias vezes ao presidente da Câmara, designadamente na reunião de 14 de março, se havia «algum problema com o açude e com os muros das margens» daquela pista internacional, se a obra fora feia «de acordo com as normas da pesca desportiva» e se a Federação Portuguesa de Pesca Desportiva e outras entidades que tutelam a modalidade tinha sido ouvidas, e de este lhe ter respondido «que não havia qualquer problema, que tudo tinha sido realizado como planeado e que os contatos tinham sido feitos com essas entidades».
«À nossa questão “tudo o que está a responder é com conhecimento próprio ou são indicações que lhe chegam dos técnicos?”, respondeu que era tudo da sua responsabilidade e até tinha prevista uma prova-teste para os meses de abril ou maio deste ano», acrescenta o também candidato à presidência da Câmara.
«Confirmamos que o senhor presidente da Câmara tinha falado com o vice-presidente da Associação Regional do Norte de Pesca Desportiva sobre o assunto e que o ex-presidente do Clube de Caça e Pesca de Cavez também dele tinha conhecimento, mas isso era só para testar com as comportas fechadas… Com o funcionamento normal do rio, depois das obras executadas, a pista de pesca não tem viabilidade», conclui.
Reafirma Manuel António Teixeira que este equipamento inativo há sete anos «não terá viabilidade para voltar a ser utilizado» se aí «não forem executadas novas obras, apesar dos milhões já gastos na sua requalificação».
Além disso, «perdemos o dinamismo de um concelho e de uma das freguesias mais afetadas pelo despovoamento; o que poderia ser evitado, ou minimizado, se estes equipamentos estivessem a funcionar».
Nesta deslocação à Pista Internacional de Pesca Desportiva de Cavez, o líder da coligação de direita teve a acompanhá-lo o secretário-geral do PSD e líder da lista da AD candidata no Círculo de Braga às próximas eleições legislativas, Hugo Soares, a quem deu a conhecer este equipamento: dois quilómetros de extensão, 132 pesqueiros, onde abundavam espécies como o barbo, a boga ou os escalos. «Tratava-se de um rio e de uma pista de pesca com abundância de peixe, bem notada pelo facto de, numa das provas do campeonato do mundo, a vencedora ter pescado cerca de 19 quilos de peixe em apenas três horas de competição», lembrou-lhe Manuel António Teixeira.
A pista – lembrou ainda — tinha particular atividade entre os meses de março e outubro, com um número de provas anuais da ordem das 150, movimentando uma média mensal de 40 atletas. «Tendo em atenção que os atletas traziam famílias e amigos, além destas provas darem uma grande notoriedade à freguesia de Cavez, permitiam desenvolver a economia local, através de dormidas e consumos nas instalações hoteleiras, nos restaurantes, supermercados e em muitas outras atividades», observa o líder da oposição cabeceirense.



