Sexta-feira, Maio 9, 2025
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Há cabeceirenses a consumir água de condutas com amianto

Anos depois de a Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro, estrutura da Organização Mundial de Saúde, ter classificado o amianto como cancerígeno para os humanos, continua a haver cidadãos cabeceirenses a consumir todos os dias água que lhe chega da rede pública municipal em condutas de fibrocimento.

As condutas em causa, vulgarmente utilizadas há anos, têm na sua composição cimento e fibras, sendo estas de amianto (asbesto), reconhecidamente provocadoras de doenças cancerígenas.

O assunto voltou à colação na última reunião do executivo municipal, quando o seu presidente repetiu de novo que não tinham sido ainda substituídas todas as condutas referenciadas na rede pública de distribuição de água.

Francisco Teixeira Alves voltava a dizer então que é intenção do município proceder à sua substituição, promessa em que foi secundado pelo seu vice-presidente, que, muito discretamente, tentou convencer a oposição de que a substituição «já estava em andamento».

Desta vez, a oposição, muito particularmente o líder do movimento de cidadãos “Independentes Por Cabeceiras”, não aceitou de ânimo leve o clássico “empurrar com a barriga” que caracteriza o líder do executivo, sendo perentório a condenar a lentidão com que o assunto está a ser encarado. «Se ainda tem algumas condutas [com amianto], rebente com elas!… Faça uma empreitada só para isso, mas rebente com elas», disse Jorge Machado, fazendo ouvir bem a sua voz.

Sem que tenha sido prestada grande informação – designadamente sobre as localidades e populações afetadas por esta circunstância ou se já foram removidas algumas condutas nos últimos tempos –, a discussão evoluiu para a existência de um revestimento do teto interno de um edifício escolar do lugar da Ferreirinha, em Cavez, também ele com fibras de amianto.

Embora o edifício em causa tenha hoje uma utilização pontual por parte do rancho folclórico da localidade, o que é certo é que a substituição daquele revestimento foi assumida há já mais de um ano pelo presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, aquando da realização em Cavez de uma reunião descentralizada do executivo.

O amianto – refira-se – faz parte do grupo de minerais fibrosos amplamente utilizado em diversas indústrias devido às suas propriedades de isolamento e resistência. Existindo hoje a mesma argamassa sem amianto, o problema coloca-se com o fibrocimento antigo, que contém este mineral, sendo aí que a questão da saúde pública se coloca: o amianto é composto por fibras microscópicas que, quando inaladas, podem penetrar profundamente nos pulmões.

Estando embora identificada a inalação como a via mais perigosa, não tanto a ingestão, se estiverem degradadas, as tubagens libertam fibras para a água, que serão ingeridas, com todas as consequências que daí advêm.

Altamente resistentes à degradação no organismo, tais fibras podem causar, por exemplo, a fibrose pulmonar grave (asbestose), o mesotelioma – um tipo raro e agressivo de cancro que afeta o revestimento dos pulmões, abdómen ou coração –, o cancro do pulmão e outras doenças pulmonares.

Alguns estudos sugerem que o consumo prolongado de água contaminada com fibras de amianto pode estar associado a cancros gastrointestinais (estômago, esófago, cólon), embora a evidência científica seja menos conclusiva do que para os riscos respiratório.

Com o envelhecimento, geralmente acima de 30–40 anos de uso, as condutas de fibrocimento ficam frágeis e quebradiças, libertando mais fibras para a água ou para o ambiente (em caso de rotura, manutenção, perfurações).

Em vários países, o uso de amianto foi banido ou severamente restrito e existe uma pressão crescente para a substituição de condutas antigas de fibrocimento-amianto por materiais mais seguros (como PVC, PEAD, aço inox, etc). [JPM]

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