Quinta-feira, Novembro 21, 2024
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Democratas, uns mais do que outros

«Somos todos democratas, uns mais do que outros». A provocação, em jeito de dichote, fi-la à Inteligência Artificial do “GPT”. Que logo reagiu dizendo que a frase lhe sugere «uma reflexão sobre a diversidade de entendimentos e práticas da democracia entre diferentes indivíduos ou grupos».

A minha vida profissional tem-me feito lidar com muitos democratas, presumo que a grandessíssima maioria, mas aqui e ali pressinto, mais ou menos discreta, a emergência de indivíduos que têm entendimentos muito díspares e pessoais da democracia. Mais do que entendimentos, têm práticas bem distantes do que a democracia tolera.

Admite o “GPT” que a democracia é um conceito amplo que pode ser interpretado e implementado de várias maneiras, falando então da via participativa, que envolve mais os cidadãos, e da representativa, que delega nos eleitos a tomada de decisões.

Mas o cerne da minha provocação estava mais na «intensidade do compromisso democrático». Verdadeiramente, cada um de nós tem intensidades diferentes, admito. Cada um sente um compromisso mais ou menos profundo com os valores democráticos, como a igualdade, a justiça ou a liberdade de expressão.

Agora, o que me deixa estarrecido são aqueles que, professos e usufrutuários do regime, eleitos para representar o povo – onde há brancos e negros, laranjas e vermelhos – façam questão de dizer, quando no exercício do poder, que «há linhas vermelhas», mas que escrever uma crítica ao seu próprio exercício pode ser mais do que isso, pode ser «uma ida aos infernos».

Esta é uma conceção “sui generis” e puramente instrumental da democracia, que verdadeiramente serve para o indivíduo se alcandorar ao exercício do poder, mas em que esquece no momento seguinte que o faz em representação de quem nele confiou. A liberdade de expressão, por exemplo, só lhe é admitida enquanto serve para veicular a sua campanha. Já no poder, nada de mais nefasto: se já se viu ter de ouvir críticas!…

E nem é preciso provocar o “GPT” para perceber que é desta massa que se fazem aqueles autarcas que, eleitos por um qualquer partido, estão prontinhos para, se necessário for, se apresentarem às urnas em nome da mais novel e ditatorial estrutura partidária, o Chega que seja! Acreditemos que, mais dia, menos dia, as coisas lhe corram a descontento.

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