Fernando Pinto de Moura, ex-presidente da Câmara Municipal de Mondim de Basto, tem desde esta quinta-feira (25) o seu nome inscrito pela primeira vez numa obra municipal, concretamente no parque urbano por si criado de raiz no centro desta vila e a que agora, quatro anos depois de ter falecido, foi dado o seu nome.
Isto mesmo foi sublinhado pelo porta-voz do grupo de promotores da homenagem, iniciativa que emanou da sociedade civil, designadamente através de 700 subscritores de uma petição dirigida ao presidente do executivo e que, votada por unanimidade em sede de vereação, se consumou numa sessão solene em dia de feriado municipal e na inauguração de um memorial em seu nome, instalado na entrada principal do parque urbano.
«Se visitarmos cada uma das obras que executou, podemos constatar que em nenhuma delas se encontra qualquer referência ao seu nome; pelos princípios de governação do presidente Fernando Pinto de Moura, o enaltecimento pessoal, associado ao cerimonial de uma inauguração, nunca prevaleceu e foi sempre afastado pela vontade de disponibilização imediata aos munícipes das infraestruturas que executava», enfatizou.
Assim – reafirmou José António Gonçalves –, «pela primeira vez, no concelho de Mondim de Basto passa a existir uma obra, planeada e executada durante a presidência de Fernando Pinto de Moura, que eterniza a sua memoria».
Intervindo numa sessão solene escaldante – em dia de muito calor, estava mais quente na sala do que no exterior –, o porta-voz de um grupo onde pontuavam Alfredo Pinto Coelho, Fernando Mota Miranda, José António Nobre e Manuel Marinho da Costa realçou o facto de o feriado municipal, em honra do padroeiro católico São Tiago, estar a ser comemorado com esta homenagem, o que o tornou «ainda mais especial».
Começou por lembrar que o ex-autarca – representado na cerimónia pela viúva Clara Pinto de Moura e por um dos dois filhos do casal – nasceu na Casa do Souto, na vila mondinense, a 29 de julho de 1943, tendo sido eleito presidente da câmara «por escolha livre e democrática da maioria» a 12 de dezembro de 1982, função que desempenhou até 30 de outubro de 2009, «data em que, por sua iniciativa, cessou funções».
Nas sete eleições autárquicas a que concorreu, Pinto de Moura – disse – obteve sempre a confiança da maioria dos mondinenses.
De acordo com José António Gonçalves, o «amor e afeição a Mondim de Basto» por parte do homenageado «estava sempre presente em cada palavra que proferia» e «o seu carinho, o seu respeito e a sua humanidade para com cada um dos munícipes notava-se em cada cumprimento que lhes dirigia». «Sabia o nome de cada um e conhecia como ninguém os respetivos anseios», disse.
Lembrou assim a mesa do “Café Império”, onde tomava o café da manhã e para onde convidada sempre que alguém lhe pedia uma palavrinha; lembrou «a porta do gabinete sempre aberta»; e realçou ainda o facto de, tratando-se embora de alguém «educado em ambiente de fino trato», ser «pessoa de convivência simples, bastando uma abordagem educada para colher a sua atenção».
De uma rua fez uma cidade
Falando já dos seus 27 anos de presidência e das «incontáveis obras que planeou e executou», José António Gonçalves citou uma frase de Luís Jales de Oliveira – que fez título no destaque que o Terras de Basto deu a este assunto na sua edição impressa, em distribuição – para dizer que «Fernando Pinto de Moura, de uma rua fez uma cidade».
Inscrever o nome do autarca mondinense numa obra sua era, assim, o propósito dos promotores da homenagem, lembrou o porta-voz, que secundou a intervenção do atual presidente do executivo, que, mais do que as breves e óbvias referências ao homenageado, ocupou o seu tempo a relevar a obra feita nos três anos que leva de gestão municipal.
Bruno Ferreira teve ainda oportunidade de entregar à viúva e ao filho do ex-autarca a medalha do município, seguindo depois os acordes de uma banda filarmónica até à designada Zona Verde de Mondim de Basto para, com os mesmos familiares, tirar a bandeira municipal que cobria o memorial, revelado já pelo Terras de Basto.
Saliente-se a presença entre os convidados do senador francês d’Indre-et-Loire, Jean Gerard Paumier, que exerceu a presidência de Saint Avertin, com quem Mondim de Basto se encontra geminado, que entregou ao atual inquilino dos Paços do Concelho uma medalha do seu município, prova da ligação especial entre as duas autarquias, formalmente estabelecida em 2003.
Merece ainda realce a presença de vários ex-autarcas que exerceram em simultâneo com Pinto de Moura e com quem estabeleceram relações fortes, não só no exercício de funções, mas também de amizade, como é o caso dos socialistas Joaquim Barreto, de Cabeceiras de Basto; e Parcídio Summavielle, de Fafe; ou o social-democrata José Peixoto Lima, agora em exercício em Celorico de Basto.
O Grupo Coral de São Cristóvão, dirigido por Marinho da Costa, interpretou peças do padre mondinense Ângelo Minhava, entre elas o Hino de Mondim de Basto, junto do memorial. [JPM].