Por Sílvia Machado / Auditora e consultora no setor social
Nos programas eleitorais das forças políticas de Cabeceiras de Basto foi possível constatar a preocupação, nuns mais do que outros, em implementar medidas para o combate à solidão e promoção do envelhecimento ativo da população cabeceirense.
Como é do conhecimento geral, o envelhecimento ativo é definido pela Organização Mundial da Saúde como o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, visando melhorar a qualidade de vida à medida que envelhecemos. Trata-se não só de prolongar a vida, mas de viver melhor, mantendo capacidades funcionais, envolvimento social e independência.
Pese embora esta aposta na sensibilização da importância da atividade e estimulação multidisciplinar na idade sénior representar um potencial orçamento elevado, ela contribui para uma sociedade mais participativa nas diferentes áreas, sejam sociais, culturais, políticas como económicas, reduzindo custos de saúde ao minimizar a recorrência aos cuidados médicos, assumindo-se como uma corresponsabilidade dos agentes políticos e um compromisso para as suas gentes.
A coligação “Fazer Diferente”, a força política que saiu vencedora das recentes eleições, pretende criar um Plano Municipal de Envelhecimento Ativo, com projetos e iniciativas inovadoras em parcerias com outras entidades de âmbito nacional, bem como implementar um Plano de Atividades Interinstitucional com atividades a realizar por e em cada instituição, com encontros periódicos.
O trabalho em rede é fundamental para ser possível fazer mais e melhor, otimizando recursos, unindo sinergias, com vista à satisfação dos mais vulneráveis. Valorizar o excelente trabalho que as entidades preconizam em Cabeceiras de Basto é motivar os cuidadores, dar a mão aos dirigentes para tão nobre missão, é apostar em quem mais necessita de nós.
Dinamizar os Espaços de Convívio e Lazer, com a presença de técnicos especializados, com base nas necessidades dos participantes, fortalecendo a qualidade de vida, assim como dinamizar a Universidade Sénior, terá certamente um impacto muito positivo nos frequentadores, motivando a sua frequência, bem como permitindo experiências marcantes e estimulação multifuncional.
Uma aposta certeira, mas muito desafiante, deste novo executivo será implementar um Plano Municipal de Cuidados para Idosos Dependentes, com formação de cuidadores informais e linha de apoio 24horas para familiares. A instalação do Sistema de Teleassistência, para minimizar os problemas de isolamento dos mais envelhecidos e/ou desfavorecidos, bem como dinamizar o programa “Viver em casa com dignidade”, colaborando com os apoios domiciliários existentes, bem como pessoas não acompanhadas por instituições (ex. na comparticipação em pequenas obras de requalificação em habitações, ou para melhorar as acessibilidades) e sua monitorização regular por técnicos de proximidade, apoio na medicação, colónias de férias para idosos, entre outros, são algumas das medidas a serem trabalhadas com vista a dar honorabilidade a quem cuida e a quem é cuidado.
Capacitar, motivar, auxiliar nas condições necessárias para a promoção da humanização dos cuidados, formais ou informais, tem de ser a aposta clara de qualquer executivo; cuidar de quem cuidou de nós é valorizar as nossas gentes, é respeitar o legado.
É urgente o robustecimento do trabalho em rede entre todas as entidades do concelho para avigorar a rede de cuidados, disponibilizar aos cabeceirenses respostas integradas mais eficazes e eficientes, acelerando a identificação precoce de situações de vulnerabilidade social e de saúde para uma resposta mais célere e multidisciplinar.
Criar redes de entreajuda, de voluntariado intergeracional, apoiar na construção e submissão de candidaturas a projetos financiados para empoderar as entidades locais, alargando o leque de respostas e serviços aos novos desafios que o envelhecimento desta geração traz, tem de ser a pauta do trabalho comum.
Os idosos acumulam décadas de vivências que lhes conferem uma visão ampla sobre os desafios da vida, são mentores intergeracionais, transmissores de conhecimento prático e teórico, exemplos de superação e resiliência. É necessário valorizar quem cuida, dignificar quem é cuidado, enaltecer o direito humano fundamental, incutindo justiça e inclusão.






