Está a causar mal-estar, mesmo entre socialistas, a anunciada intenção da Câmara de Cabeceiras de Basto de contratar agora, na proximidade das eleições autárquicas, quase três dezenas de trabalhadores.
O assunto foi já à última reunião do executivo – realizada em Painzela, assim cumprindo um plano de descentralização das sessões municipais pelo território concelhio – e a proposta socialista acabou salva pela abstenção dos vereadores do movimento de cidadãos “IPC”.
Do técnico superior de comunicação e multimédia aos assistentes operacionais motoristas, do técnico superior de engenharia civil ao assistente de pichelaria ou de trolha, do assistente operacional na área de recolha de animais ao assistente técnico administrativo, do técnico superior de engenharia de ambiente ao assistente operacional na área do ambiente… são exatamente 27 os lugares que a presidência do município se propõe ocupar agora, mediante um procedimento concursal para contratação por tempo indeterminado.
Entre os recursos a contratar para o quadro municipal incluem-se ainda, por exemplo, um assistente operacional em serviços gerais, um técnico superior de gestão financeira, um assistente técnico de recursos humanos, um assistente técnico de contabilidade, um técnico superior de conservação e restauro ou um assistente técnico de turismo, entre outros.
A proposta – justificada apenas pelas «necessidades identificadas pelos chefes de divisão» — foi criticada pelos vereadores da coligação “Fazer Diferente”, que votou contra a sua aprovação, apresentando declaração de voto.
«Acreditamos que em algumas áreas possa haver dificuldade de trabalhadores, mas não podemos compreender como é possível, apenas a um ano de ato eleitoral autárquico, se estar a abrir um processo concursal para a contratação de 27 trabalhadores, ou seja, aumentar o quadro de trabalhadores da Câmara Municipal, sem contar com as entidades participadas, em mais 7%», fez questão de verbalizar Manuel António Teixeira.
O líder da oposição – provável re-candidato à presidência municipal em nome de PSD e CDS nas eleições do próximo ano – interrogou-se sobre a necessidade de abertura deste concurso, perguntando se ele não poderia ter ocorrido ao longo de todo o mandato.
«Se não há pressa, porque é que não se espera pelo processo autárquico, para a gestão que vier a ser eleita, que pode ser diferente, proceder à análise dos quadros existentes e suas necessidades e proceder à sua contratação?», perguntou Manuel António Teixeira, acrescentando ainda se «não seria de auscultar outras pessoas, que no passado disseram que seria um exagero este tipo de contratação, para ver se efetivamente se justificam?».
Ao que apurou o Terras de Basto, durante a discussão que o assunto motivou, os vereadores “Independentes por Cabeceiras” manifestaram a sua oposição à contratação dos 27 trabalhadores, designadamente pelo “timing” escolhido para o concurso, mas também pela falta de justificação fundamentada para cada uma das contratações. Apesar da discordância expressa, os vereadores do IPC acabaram a abster-se na votação final, para assim viabilizarem a proposta dos socialistas. [Redação].