Quinta-feira, Dezembro 11, 2025
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Operação “Puro Verde”: empresário de Celorico é um dos detidos

Exerce a sua atividade em Celorico de Basto um dos empresários do setor dos vinhos verdes detidos nesta quarta-feira (3) pela Polícia Judiciária por suspeitas de corrupção na atribuição da Denominação de Origem de produtos vinícolas, soube o Terras de Basto.

Tal como noticiámos, no âmbito da operação “Puro Verde” foram detidas oito pessoas – quatro empresários e quatro funcionários da comissão de viticultura da região dos vinhos verdes, que estava previsto serem apresentados esta quinta-feira ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para primeiro interrogatório.

«Os detidos são quatro membros da Divisão de Fiscalização e Controlo da CVRVV e quatro empresários do setor de produção e distribuição de vinhos verdes», anunciava a nota da PJ. Ao todo, no entanto, foram constituídos arguidos 17 pessoas singulares e coletivas no âmbito desta operação, que apreendeu ainda «bens em espécie e numerário».

De acordo com o “JN”, a troco de almoços, garrafas de vinho ou bilhetes para espetáculos, os quatro funcionários da Divisão de Fiscalização e Controlo da CVRVV terão alertado os empresários do setor vinícola para operações de fiscalização iminentes. Também fechariam os olhos a todo o rigoroso processo de obtenção da certificação da Denominação de Origem (DO) ou da Indicação Geográfica (IG), para facilitar o negócio dos empresários.

O empresário celoricense – um dos maiores produtores/armazenistas de vinho no Norte – terá sido detido na casa onde reside, num concelho vizinho, e daí conduzido para o Porto. Em causa está um dos três representantes da Casa do Agricultor, de Celorico de Basto, no conselho geral da CVRVV, sendo que os outros dois são a produtora Paula Andrade e o próprio presidente desta estrutura, Vítor Costa.

De acordo com fonte do setor, o empresário, com adega na zona norte do concelho celoricense, é um dos principais “players” da viticultura na região, sendo responsável pela «compra de 90 por cento das uvas produzidas no concelho».

A investigação teve origem numa denúncia em agosto deste ano, «sobre um alegado esquema de conluio entre funcionários da CVRVV e empresários do setor, com vista ao favorecimento destes, designadamente, mediante a omissão dos deveres de fiscalização da origem e trânsito das uvas e seu depósito em adegas e produtores durante a vindima de 2025».

A CVRVV controla a produção, comércio e certificação dos produtos vinícolas «com direito a atribuição de DO (Denominação de Origem) e à IG (Indicação Geográfica), bem como a empresas relacionadas com a produção e comercialização de vinhos».

Através do alegado esquema, a PJ explicou que é colocado em risco o processo de certificação da qualidade do vinho com DO, «que confere e atesta a sua origem, as castas utilizadas, os processos de tratamento da vinha, vinificação e estágios, que caracterizam os vinhos de uma determinada DO e os distinguem dos restantes».

O objetivo, esclareceu a polícia de investigação, «seria beneficiar certos operadores económicos através da oferta e aceitação de vantagens, tanto em bens como em dinheiro».

As práticas usadas no alegado esquema, frisou ainda a PJ, mostraram-se «complexas e de muito difícil deteção», mesmo com os esforços da direção da CVRVV e de operações especiais de fiscalização, tanto da Guarda Nacional Republicana (GNR), como da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

A investigação foi dirigida pela diretoria do Norte da PJ, e visou «detetar e recolher provas sobre o esquema referido, confirmar se houve violação das regras da certificação e impedimento do reforço da fiscalização».

A presidente da CVRVV, Dora Simões, garantiu entretanto a colaboração «absoluta e interessada» com as autoridades após a instituição ter sido alvo de buscas da PJ. «Colaboração absoluta a interessada. Temos interesse em que as coisas sejam averiguadas da melhor forma e o mais rapidamente possível», disse à agência Lusa.

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