A pergunta é do Terras de Basto: vão ou não acabar os apoios à destilação de vinhos excedentários? O Ministro da Agricultura é perentório: «Não faz sentido apoiar a plantação de vinhas para a seguir apoiar o seu arranque ou pagar a denominada “colheita verde”, que, no fundo, corresponde à destruição da produção. A destilação é uma medida de exceção e nunca uma solução. É neste contexto que admito aplicar um travão».
P. Portugal tem um problema com o “stock” de vinho por escoar. Vai ter a coragem de repetir aos vitivinicultores da Sub-Região de Basto que é preciso «um travão, caso contrário estamos a deitar dinheiro fora»? Que travão é esse de que fala?
R. Direi sempre a verdade aos agricultores, porque essa é uma das formas de os ajudar. Há produtores que vendem todo o vinho que produzem, independentemente da região onde estão. Há outros que conseguirão aumentar a qualidade dos vinhos com investimentos na vinha e acrescentar valor ao que produzem. Por isso, não faz sentido acabar com o programa “Vitis” que apoia a reestruturação e reconversão de vinhas.
Contudo, também há quem não consiga vender o que produz, e a verdade é que se escondeu ao longo dos últimos anos o brutal acumular de “stocks”. Não faz sentido apoiar a plantação de vinhas para a seguir apoiar o seu arranque ou pagar a denominada “colheita verde”, que, no fundo, corresponde à destruição da produção. A destilação é uma medida de exceção e nunca uma solução. É neste contexto que admito aplicar um travão. Não o fazer prejudica os produtores. Não adianta “tapar o sol com a peneira”.
A acumulação anual de excedentes resultou em “stocks” que já não se conseguem armazenar ou vender. É este o resultado da inação dos últimos anos. Reforçamos a fiscalização para evitar a entrada ilegal de vinho ou a deturpação dos vinhos de denominação DOP e IGP das respetivas regiões de produção. É essencial não se perderem as mais-valias que as DOP e IGP representam.
Importa ainda combater a campanha que existe a nível mundial contra o consumo de vinho. Estamos a ser proativos, não vamos atirar a toalha ao chão! Felizmente, temos vinhos com uma qualidade cada vez superior, bem como produtores e enólogos de grande competência. É essencial acrescentar valor. Não adianta aumentar a produção e vender a um preço baixo. Queremos alargar os mercados nos quais já atuamos e conquistar outros. Face ao exposto, na reprogramação do PEPAC, reforçamos a promoção em 14,2 milhões de euros e estamos a trabalhar para a remoção de barreiras alfandegários nos países para onde exportamos. Temos de ser competitivos e acrescentar valor.
[Excerto da grande entrevista ao Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, que pode ler na edição impressa n.º 3 do Terras de Basto, em distribuição].