Quinta-feira, Abril 10, 2025
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Martin Sousa Tavares não veio “Falar Piano e Tocar Francês”…

“Falar Piano e Tocar Francês” é, segundo Martim Sousa Tavares, o seu autor, uma proposta de leitura que convida à escuta, à contemplação e ao pensamento; é um livro que desafia o leitor a olhar para a arte e para a beleza não apenas como acessórios da vida, mas como caminhos para a compreensão e transformação do mundo.

Foi assim que o maestro – em Celorico de Basto, para dirigir também a sua Orquestra Sem Fronteiras, que atuou mais tarde no auditório do Centro Cultural — apresentou este seu primeiro trabalho literário, em contexto da Festa do Livro.

Com 34 anos, Martim Sousa Tavares é uma figura consolidada na música e na comunicação cultural. Licenciado em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa, com formação em Itália e nos Estados Unidos, onde obteve o mestrado em Direção de Orquestra na “Northwestern University”, fundou a Orquestra Sem Fronteiras e colaborou com orquestras internacionais. Em 2012, foi distinguido com o Prémio Carlos Magno do Parlamento Europeu.

O título provocador de “Falar Piano e Tocar Francês” subverte uma tradição antiga, que associava essas habilidades à educação das “meninas de boas famílias” e, ao inverter os verbos, Sousa Tavares desafia «a rigidez da formação cultural convencional» e lança uma reflexão crítica «sobre o saber burguês. Para o autor, «nunca estamos acabados culturalmente» e a aprendizagem «é um processo contínuo e transformador».

O livro, acessível e fluido, é conduzido pelo próprio através de episódios autobiográficos, em que leva o leitor numa viagem por museus, concertos e encontros que o marcaram, como a visita ao Museu de Belas Artes de Bilbao, que inspirou reflexões sobre curadoria e descoberta estética.

Um dos principais temas da apresentação – uma conversa moderada pela comunicadora Rosa Magalhães – foi a crítica ao modelo de ensino artístico atual. Martim Sousa Tavares defende que «a arte não se ensina, transmite-se», e propõe uma pedagogia baseada na experiência, na discussão e na vivência sensível da arte, em contraste com a avaliação quantitativa nas escolas.

O conceito de beleza foi também um dos focos da conversa. Para Martim, ela é mais do que uma categoria estética: é uma forma de perceber o mundo e de transformação pessoal. Contestando a ideia de que “a beleza salvará o mundo”, o autor destacou que, embora a beleza não resolva problemas sociais diretamente, tem o poder de transformar indivíduos, que, por sua vez, podem mudar o mundo.

A sessão contou ainda com uma ronda animada de perguntas do público. O autor revelou então que está a trabalhar num livro infantil com temática musical, previsto para o início de 2026. Ao refletir sobre a relação entre arte e sociedade, enfatizou a cultura como uma linguagem comum e um espaço de encontro entre diferentes realidades.

Num momento mais pessoal, o autor partilhou sua ligação afetiva às camélias, flores que evocam memórias da sua tetravó paterna. A tradição das batalhas de camélias promovidas por esta antepassada foi recentemente resgatada na Festa Internacional da Camélia, em Celorico de Basto. Este gesto revelou um lado íntimo do autor, profundamente ligado ao património afetivo da sua família, incluindo sua avó, a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen.

Ao longo da conversa, Martim reforçou ainda a importância da arte na era digital, defendendo que, mesmo num tempo dominado por memes e algoritmos, a cultura continua a ser essencial para a formação do indivíduo e para o fortalecimento da sociedade. [AMP].

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