Foi com surpresa e emoção que decorreu, sábado (5), a apresentação do livro “A Prenda”, de Ana Carolina Montenegro, obra singular que transforma os cadernos escolares de uma criança num objeto literário e pedagógico de elevado simbolismo. A sessão, na Casa da Terra, no âmbito da Festa do Livro de Celorico de Basto, ocorreu logo após a entrega dos prémios do II Concurso de Poesia e a autora foi apresentada por Carminda Andrade, presidente da associação cultural “Andorinha Astuta”.
O livro, cuja jovem autora, Ana Carolina Montenegro Machado, tem apenas 10 anos, foi uma verdadeira prenda-surpresa preparada pelos pais e pela irmã, oferecida a 10 de fevereiro, data do aniversário da menina. A escolha do título “A Prenda” joga simbolicamente com a ideia de presente, mas também com a palavra “aprenda”, evocando o verbo aprender — dualidade que espelha bem o espírito do livro.
O momento foi particularmente simbólico por reunir a autora, a família e os membros da editora, num lançamento que surpreendeu os próprios amigos e familiares da menina, conhecida pela sua timidez e reserva. Ana Carolina, natural de Sousel, é filha de Ana Sofia Montenegro Gonçalves Coelho, presidente do conselho fiscal da “Andorinha Astuta”, e de Augusto Rogério Machado, e tem como irmã mais velha Francisca Montenegro Machado, cúmplice nesta surpresa literária.
O projeto nasceu espontaneamente, durante um jantar de família com a presença de Carminda Andrade. Ao revisitar os cadernos escolares da menina — repletos de textos, desenhos e exercícios — surgiu a perceção de que ali se encontrava muito mais do que simples tarefas escolares. Com o incentivo da professora e o olhar atento dos pais, a ideia de publicar aquele acervo ganhou força e forma.
O livro apresenta uma estrutura cronológica que acompanha o percurso académico de Ana Carolina desde a pré-escola até ao quarto ano, revelando não só a evolução da sua caligrafia e expressão escrita, mas também a riqueza artística dos seus registos. Entre poesias visuais, composições livres, ilustrações originais e exercícios escolares, o leitor é convidado a assistir à construção de uma identidade em desenvolvimento.
Mas “A Prenda” não é apenas uma celebração da infância. O livro propõe também uma reflexão aos adultos, convidando-os a revisitar os seus próprios cadernos escolares, a recordar as matérias do ensino básico e a reviver memórias esquecidas. Como diz o velho ditado, “recordar é viver” — e esta publicação recupera essa máxima com sensibilidade e autenticidade.
A apresentação contou com a presença da mãe de Ana Carolina como convidada especial, bem como da própria jovem autora, cuja participação comoveu os presentes, sobretudo por se tratar de uma criança discreta e pouco habituada à exposição pública.
No fim, ficou clara a mensagem que “A Prenda” de Ana Carolina Montenegro transmite: os cadernos escolares não precisam de ser esquecidos numa gaveta — podem ser documentos valiosos de crescimento, criatividade e memória. Um testemunho raro de como o quotidiano escolar, quando olhado com atenção e carinho, pode transformar-se numa verdadeira obra literária. [AMP].








