O presidente da Assembleia Municipal de Cabeceiras de Basto relevou sábado (13), em Outeiro, a «forma isenta e natural» como a autarquia local tem organizado a evocação dos seus autarcas eleitos em democracia. Falando na sessão de homenagem aos ex-autarcas daquela freguesia Valdir Leite (PSD) e Pedro Teixeira (PS), o líder do colégio municipal sublinhou que tal isenção evidencia «que o espírito do “25 de Abril”, de democracia, de liberdade e de fraternidade, está bem patente» na iniciativa.

Joaquim Barreto lembrou mesmo os «ideais políticos diferentes» e a ausência de «ressentimentos de ordem pessoal», momento em que se referiu também ao acordo que foi possível estabelecer, no âmbito da governabilidade da União de Freguesias de Refojos, Outeiro e Painzela, no início do atual mandato.
Foi neste contexto que o presidente da Assembleia Municipal voltou a realçar a importância daquele acordo entre o socialista Leandro Campos, eleito presidente da junta, e o “independente” Miguel Teixeira, que assumiu a presidência da assembleia, acordo que tem sido amiudadas vezes renegado e hostilizado pelos líderes das duas formações eleitorais que lhe deram origem.
«Podiam ter-se deixado arrastar numa paz podre, mas não. Este foi um acordo programático feito às claras, público, discutido com elevação, transparente… Em que as partes não se ficaram pelas miudezas… E que valeu a pena», disse, parabenizando as partes.

Joaquim Barreto citou mesmo Miguel Torga para dizer que «a vida afetiva é a única que vale a pena», sendo, por isso, que «celebrar os homens grandes enobrece quem o faz». »Se hoje os homenageamos é porque fizeram algo de bom, de positivo e de significativo para a sua terra, algo de que nos orgulhamos», disse.
Na intervenção que encerrou a sessão solene – a que se seguiu a exibição de três retratos na “galeria dos presidentes” do edifício autárquico – o ex-presidente da Câmara Municipal referiu-se a cada um dos homenageados, acrescentando a Valdir Leite e Pedro Teixeira a figura de Abílio Pacheco, cidadão que já havia sido lembrado antes por Miguel Teixeira, porque, não tendo sido eleito democraticamente, presidiu à comissão administrativa instalada após a “revolução dos cravos”, cabendo-lhe preparar as primeiras eleições livres, em 1976.

«Com o sr. Abílio Pacheco partilhei bons momentos numa fase difícil do período embrionário da democracia e em que era necessário criar condições para o normal funcionamento do processo democrático», disse, sublinhando a aceitação dos resultados eleitorais que entretanto lhe tinham sido desfavoráveis nessas primeiras eleições.
Quanto ao social-democrata Valdir Leite, lembrou Joaquim Barreto que se cruzaram, primeiro «na defesa comum dos agricultores do concelho», depois quando vereador na oposição e ele já presidente da Junta de Outeiro. «Era um acérrimo defensor da sua terra e das suas gentes, tendo, com a sua persistência junto da Câmara Municipal, obtido benefícios para as populações que servia», disse.

Referindo-se a Pedro Teixeira, que já conhecia por relações de amizade e também de índole politico-partidária, lembrou ter trabalhado com ele quando presidia à edilidade, «períodos de grandes dificuldades, mas que, mesmo assim, permitiram desenvolver em Outeiro algumas infraestruturas básicas e instalar alguns equipamentos.
Nas breves palavras que disse junto ao jazigo de Valdir Leite, Joaquim Barreto considerou o ramo de cravos vermelhos ali depositado «expressão da amizade e do reconhecimento e símbolos da liberdade, da igualdade e da fraternidade que nos unem».
A par do presidente da Câmara Municipal, que relevou a justeza da homenagem, e do presidente da assembleia da união de freguesias, usaram igualmente da palavra Pedro Teixeira, um dos homenageados, para agradecer o gesto, e Francisco Campilho, que fez o elogio de Valdir Leite, no cemitério. [Redação].
