Quinta-feira, Setembro 19, 2024
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As históricas pontes de Basto

Por Pedro Teixeira Gonçalves (*)

O território medieval de Basto surgiu em torno da bacia média do rio Tâmega, remontando a meados do século XI. O Tâmega, afluente do Douro, é desde então um elemento separador, pela barreira física que representa, mas agregador deste vasto território, pela presença constante nos quatro concelhos.

Ou seja, este rio constituiu, ao longo do tempo, uma barreira que separava as gentes de Basto, dispersas pelas muitas povoações localizadas nos vales e encostas de ambas as margens. Mas tal divisória veio a ser ultrapassada pela arte e engenho das populações locais ou pelos poderes estabelecidos, regionais e/ou nacionais, através da construção de diversas pontes, de várias tipologias e em diferentes épocas, sendo que a maior parte das quais ainda subsiste.

Assim, na bacia média do Tâmega, vimos surgir cinco imponentes travessias que aproximavam as populações de ambas as margens e que permitiam a passagem de todos aqueles que transitavam por esta região, duas delas desde a Idade Média.

A Ponte de Cavez, erigida no século XIII e único Monumento Nacional do concelho de Cabeceiras de Basto, impressiona pela qualidade construtiva e robustez arquitetónica, impondo a sua dimensão num dos belos meandros do Tâmega. Esta foi, durante séculos, a principal porta de entrada ou saída entre o Minho e Trás-os-Montes e um dos elos essenciais da tão antiga e muito percorrida Estrada Real N.º 32.

Esta era, na Idade Média, uma das mais imponentes pontes sobre o Tâmega, tendo sido assinalada por Leon de Rosmithal quando atravessou o Norte de Portugal, em peregrinação, em direção a Santiago de Compostela. O recente estudo do seu trajeto de peregrinação constitui uma extraordinária mais-valia para esta região de Basto.

A antiga ponte medieval de Mondim de Basto, hoje desaparecida, possuía sete arcos e dataria, supostamente, dos finais da Idade Média. Apesar da reduzida informação disponível sobre si, sabe-se que foi parcialmente destruída aquando da Segunda Invasão Francesa, em 1809, desaparecendo nas décadas seguintes por força do seu avançado estado de ruína.

A sua substituição verificou-se através da construção da atual Ponte de Mondim de Basto, inaugurada em 1882, praticamente no mesmo local, após tantos adiamentos e projetos falhados desde o reinado de D. Maria I. Esta nova construção constitui um dos testemunhos do fulgor construtivo da época fontista, durante a qual o nosso país começou a ser dotado das infraestruturas viárias necessárias à criação de um mercado nacional, tendo contribuído para unir, novamente, as irmanadas populações de Celorico de Basto e de Mondim de Basto.

Apesar de ter sido construída com materiais diferentes (arame e madeira) e mais recentemente, já no início do século XX, a Ponte de Lourido, ligando esta povoação da freguesia de Arnoia à vizinha freguesia de Rebordelo, no concelho de Amarante, esteve a um passo do desaparecimento devido ao estado de abandono em que se encontrava até há pouco tempo, já que se previa a sua destruição com a construção da barragem de Fridão.

No entanto, a bem-vinda mudança de planos em relação a este projeto hidroelétrico salvou-a de um destino quase certo e, atualmente, a feliz ideia de a recuperar projeta-a para um futuro risonho na dinamização do turismo nesta região, tal como se verificou com a análoga Ponte de Santo Aleixo de Além-Tâmega, em Ribeira de Pena, que apesar da construção da barragem de Daivões, foi possível conservar, num contexto ligeiramente diferente.

Não foram apenas estas as travessias que aproximaram as populações desta região, pois subsiste um sem número de pontilhões e pontes de menor dimensão, muitas das quais remontam à época medieval, que foram sendo edificadas para permitir a passagem segura dos muitos regatos, ribeiras e rios, afluentes do Tâmega, os quais irrigam as fertilíssimas terras da região de Basto.

Entre estas, destaco, apenas a título de curiosidade, a Ponte do Caneiro (Arco de Baúlhe), a Ponte do Forno (Santa Senhorinha de Basto), a Ponte de Moimenta (Cavez), a Ponte de Painzela, a Ponte de Pé (Refojos de Basto), a Ponte Pedrinha (Alvite), a Ponte Pequena de Cavez, a Ponte da Pontinha (Pedraça) e a Ponte Velha do Arco de Baúlhe, todas no concelho de Cabeceiras de Basto.

Destaco igualmente a Ponte de Alvite (Cerva) e a Ponte de Louredo (São Salvador) no concelho de Ribeira de Pena; a Ponte de Cabrestos (Atei), a Ponte de Ermelo, a Ponte de Fragoso (Atei), a Ponte Nova de Bilhó, a Ponte de Travassos (Bilhó) e a Ponte de Vilar de Viando, no concelho de Mondim de Basto; a Ponte da Boucelha (Veade), a Ponte Raposa (Britelo) e a Ponte das Torres (Ribas), no concelho de Celorico de Basto, entre tantas outras.

(*) Historiador, professor.

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