Sexta-feira, Maio 9, 2025
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É preciso continuar a aprofundar conquistas de Abril em Cabeceiras

MANUEL GONÇALVES (*)

Passaram 51 anos desde que, em Portugal, se construiu, “numa manhã inteira e limpa”, como não nos cansamos de celebrar através das palavras de Sophia, um país em que os sonhos ganharam vantagem sobre a realidade cinzenta, fechada e censória.

Um País em que a Democracia e a Liberdade deixaram de ser conceitos estranhos e distantes, assumindo-se Portugal como um país de ambição pela modernidade, democracia, pela integração europeia e em que as escolhas das pessoas, passaram a ser a base das decisões da comunidade.

Passados 51 anos, as ambições de Abril não se desvaneceram com o tempo, antes se reforçaram. A Liberdade não é um ponto de chegada, antes um processo. A Democracia não é um valor absoluto, antes um momento que carece de inovação, melhoria e reforço.

Celebrar Abril é relembrar os que o fizeram. É festejar a coragem. É comemorar a valentia daqueles que colocaram a esperança e o sonho coletivo em primeiro lugar. Celebrar Abril é relembrar, celebrar, homenagear, mas é também reforçar, aprofundar e ampliar.

Sabemos que sem Abril dificilmente teríamos um Serviço Nacional de Saúde. Sabemos que sem Abril, dificilmente teríamos uma Educação Pública de qualidade que assegurasse o acesso à educação universal e gratuita. Sem o “25 de Abril” não teríamos a oportunidade de afirmar que muitos dos sonhos que a revolução fez nascer e continuam por cumprir na sua plenitude.

O “25 de Abril” permite-nos esse exercício autocrítico e a exigência de continuar.

A “Revolução dos Cravos” não foi uma descida da avenida, nem a Democracia é apenas passar por uma alameda sem exigência, sem obstáculos ou constrangimentos.

Celebremos, por isso, o “25 de Abril”, as portas que abriu, mas assumamos os desafios que a estrada que falta fazer ainda nos coloca.

Todos nós aqui presentes somos eleitos locais. As nossas responsabilidades para com as populações que nos elegeram são diretas e intransmissíveis. Não nos escondamos em formalismos para deixar de dizer o que temos obrigação de sublinhar.

Não nos escudemos em retóricas para evitar as responsabilidades de assumir que o Poder Autárquico Democrático foi e continuará a ser uma das mais importantes conquistas de Abril.

Enquanto cidadãos, temos a responsabilidade de defender e relembrar sempre Abril. Enquanto eleitos, temos a responsabilidade acrescida de o aprofundar e honrar, o cidadão deve olhar para alguém que anda na vida politica e autárquica como referência de honestidade e repudiar aqueles que se deixam envolver num “lamaçal de interesses obscuros”, sendo que desta forma acabam por corroer o regime democrático.

Aprofundar Abril nas autarquias é abrir novos horizontes, melhorar respostas, alargar a intervenção, motivar os cidadãos à participação ativa e criar condições para que as pessoas se revejam nas suas instituições.

Para nós, eleitos locais, Abril não se esgota no dia 25, Abril é um gesto diário, coletivo, de trabalho constante e consistente, de respostas rápidas e diretas.

Lembrar Abril é fazer melhor, é ter a ambição de ir ainda mais longe, é ser capaz de antecipar o futuro e com todos fazer com que o desenvolvimento aconteça.

É por isso que ver Abril a partir das autarquias locais é perceber que atrás de cada cidadão existe uma história, uma memória, mas também existe uma ambição. Respeitar a história, pessoal e coletiva é concretizar essa ambição.

Autarquias vergadas ao partidarismo

Este nosso grande projeto coletivo de materializar a ambição coletiva não se compadece com partidarismos que limitam a capacidade de diálogo. Autarquias locais vergadas ao partidarismo cego não passam de obstáculos à promoção da qualidade de vida dos nossos cidadãos e constrangimentos ao desenvolvimento.

É preciso continuar a aprofundar as conquistas de Abril no Concelho de Cabeceiras de Basto.

A pluralidade de visões é uma riqueza e património de Abril, mas é também o campo aberto que nos deve sugerir a capacidade de diálogo, de perceber o outro, de entender que é no confronto democrático de opiniões diversas que poderemos, de facto, representar os cidadãos que nos elegeram.

Analisar propostas apenas tendo como critério a sua proveniência não constrói, não soma, não traduz nenhum dos valores que hoje aqui celebramos.

Não podemos deixar que ninguém se aproprie destes valores, mas também não podemos deixar que Abril seja fechado entre quatro paredes, encerrado em monumentos ou espetáculos culturais de expressão mínima, mas espetáculo máximo, limitado a ideias de auto-preservação do poder ou da perpetuação de dirigentes.

Abril foi coragem, mas é também renovação.

Abril foi vigor, mas também é mudança.

Aos eleitos locais cabe a tarefa talvez mais difícil, mas também talvez mais bonita, de agirem diretamente para as pessoas, com as pessoas e pelas pessoas. Somos a porta aberta quando todas as outras se fecham. Somos o apoio quando tudo o resto falhou. Somos a esperança quando o amanhã está longe. Somos isso tudo, mas também devemos ser a voz da determinação.

Somos isso tudo, mas também nos cabe ser a voz da razão, das apostas que resolvam problemas concretos, das respostas que valorizem os territórios e as pessoas que fazem esses territórios. Somos tudo isso e devemos, tal como Abril, ter a ambição de ser mais.

A nossa tarefa não se circunscreve aos gabinetes onde tantas vezes as pessoas vêm perdidas as suas palavras, sonhos ou projetos. A nossa tarefa deve, 51 anos depois de Abril, voltar à Praça da Liberdade, onde naquela “manhã inteira e limpa” se começou a construir um outro Portugal.

As pessoas merecem, mas acima de tudo as pessoas pedem que as autarquias locais demonstrem todos os dias aquilo que um povo inteiro pediu que fossem: ativas, democráticas, com autarcas honestos, que sejam vistos pelas populações com referencial do interesse público e da satisfação das necessidades dos seus munícipes, de forma honesta e transparente.

Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade! Viva Cabeceiras de Basto! Viva Portugal!

(*) Intervenção feita, em nome do PS, esta sexta-feira (25), na sessão comemorativa do “25 de Abril”, na Assembleia Municipal de Cabeceiras de Basto.

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