A “igreja nova” do Mosteiro de Refojos, uma abordagem histórica – com particular enfoque na arquitetura, arte, cultura e literatura – é o tema agora anunciado para mais uma edição do seminário internacional “Ora et Labora” que o Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, promove em Cabeceiras de Basto a 5 e 6 de junho.
Esta sétima edição – que continua a registar o apoio do município – serve, assim, para assinalar os 270 anos de início da construção da nova igreja do Mosteiro de Refojos, pretendendo-se, assim, ampliar o conhecimento científico e fomentar o envolvimento local e regional em torno desta temática.
A edificação da igreja nova – diz a entidade promotora – sugere uma afirmação do Mosteiro de Refojos, não apenas do edifício, em que estiveram envolvidos vários artistas, mas também da linguagem estética, consequente de «uma conceção patrimonial, religiosa, arquitetónica, artística» que suscitará abordagens múltiplas.
A organização deste seminário procura, assim, cruzar «múltiplos olhares interpretativos sobre uma obra que marca a paisagem e suscita abordagens comparativas».
Da comissão científica desta edição fazem parte Maria João Oliveira e Silva, Joana Lencart, Zulmira Santos, Luis Carlos Amaral, Manuel Joaquim Rocha, Leonor Botelho e Paula Almeida Mendes, todos professores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A comissão organizadora é composta por duas técnicas municipais: Fátima Oliveira e Alexandra Carneiro.
A sessão de abertura (5, 10h00) conta com intervenções de João Soalheiro, presidente do “Património Cultural, IP”, que fala do “Património Cultural no centro das políticas públicas”, e de Lília Basílio, da Cultura e Património da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, que apresenta o selo “Rotas do Norte”.
O primeiro painel – “Arquitetura, História, Tradição e Renovação” – vai registar a participação de Paulo Oliveira, do Mosteiro de Tibães, que fala sobre “A igreja do Mosteiro de Refojos – 270 anos”, e do arquiteto Paulo Freitas, que traz à discussão “A dinâmica dos últimos anos nos 270 anos de história e intervenção”.
O segundo painel é dedicado a “Arte e artistas”, contexto em que os investigadores bracarenses Eduardo Pires de Oliveira e António José Oliveira se pronunciam, o primeiro sobre “Galegos em Cabeceiras” e o segundo sobre “A atividade artística de Frei José Vilaça e de D. Francisco Solha em Refojos de Basto e em Guimarães”.
No âmbito deste segundo painel intervêm igualmente José Vieira Gomes e Manuel Pinheiro Gonçalves, que falam e “O Tardoz do retábulo-morda igreja do Mosteiro de Refojos de Basto”; António José Ferreira Afonso, da Universidade de Compostela, que dá conta de “A influência das estampas de Bernardino Passeri na iconografia beneditina”; e de Sílvia Ferreira, que fala de “O monge entalhador Frei José de Santo António Ferreira Vilaça à luz dos estudos de Robert C. Smith”.
O terceiro painel, no segundo dia (6, 09h30), é dedicado a “O equilíbrio da oração e do trabalho na vida beneditina”, subtema em que Manuela Ramos, do Mosteiro de Tibães, se pronuncia sobre “As práticas agrícolas no Mosteiro de Refojos”; a também bracarense Aida Mata sobre “O esplendor do culto. A pompa das festas”; e o historiador José Carlos Peixoto sobre “O domínio agrícola e fundiário do donatário beneditino no couto de Tibães”.
O quarto e último painel é dedicado à “Cultura e literatura” e nele Ana Isabel Líbano Monteiro vai abordar “Os bastidores da nova igreja de Refojos: os mentores, os abades e os letrados”; André Pequeno dos Santos faz “Um panorama pelas linhas de expressão da livraria do Mosteiro de Refojos de Basto”; Carmen Lopez Calderón fala sobre “Hagan ellos outro tanto, que yo se lo perdono”; e Mara Raquel de Paula conta a história e iconografia da “Tela do altar-mor do Mosteiro de Tibães”.
A última palestra desta sétima edição do “Ora et Labora – seminário que pretende dar mais um contributo para a fixação da história da ordem beneditina em Refojos de Basto – é dedicada às implicações do romântico Camilo Castelo Branco com Cabeceiras de Basto, uma evocação dos 200 anos de nascimento do escritor e uma abordagem à “espiritualidade na crítica dos modos de vida”, tarefa de que está incumbido Sérgio Guimarães de Sousa, coordenador científico do Centros de Estudos Camilianos e da Casa-Museu de Camilo, em Seide-Famalicão.
O seminário – que decorre no auditório da Casa do Tempo – conclui-se com uma visita-guiada à igreja do Mosteiro de Refojos e ao Centro de Estudos Beneditinos.




