O presidente da Câmara Municipal de Amarante diz-se preocupado com a alegada falta de regulação do caudal do rio Tâmega e com as consequências «graves» que isso pode trazer para a cidade. Falando na apresentação do Trilho Senhora do Vau, a 8 de agosto, José Luís Gaspar deixou, assim, um alerta para os riscos resultantes da falta de capacidade de regulação do caudal daquele curso de água fundamental para as Terras de Basto.
Para o autarca, citado pela Rádio Região de Basto, «a grande preocupação» surgiu com a entrada em funcionamento da barragem de Daivões, em Ribeira de Pena, e prende-se com as «oscilações repentinas do caudal».
«A construção da barragem de Fridão, ideia que em boa hora foi abandonada, previa uma segunda barragem, que servia precisamente para regulação do caudal; ora, é a ausência desta capacidade de regulação que nos inquieta», disse.
Falando na presença do vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, e do secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, o autarca de Amarante sublinhou razões de segurança, porque «há já vários relatos de pessoas que foram apanhadas desprevenidas no rio, com a sua subida abrupta» das águas.
«Também é uma preocupação de natureza ecológica, porque podemos ver-nos, a espaços, sem água no rio em Amarante, em função das necessidades que a produção elétrica tenha e que, obviamente, não têm em conta as preocupações com a fauna e a flora e com a qualidade de vida das populações ribeirinhas», disse.
José Luís Gaspar deixou, assim, um apelo «à sensibilidade» das entidades presentes e pediu o seu apoio para análise desta situação «com vista à definição das medidas necessárias, com os entendimentos e compromissos necessários, para que seja possível normalizar definitivamente esta situação».
O vice-presidente da APA, Pimenta Machado, fez questão de assumir na circunstância que registou «a preocupação», acrescentando que as cheias «são tema recorrente» entre ambos, contexto em que lembrou que este ano «foram atingidos vários picos de precipitação na região».
«A questão está em conseguir gerir tudo isto com Espanha, com caudais do Douro, no Porto e Gaia, e depois conjugar com o efeito das marés; é um exercício de gestão muito difícil; no fundo, é jogar com os caudais e as capacidades de encaixe das albufeiras e perceber quais os caudais que podem provocar as inundações», disse.
Sublinhando que «a cascata do Tâmega ajuda a controlar e a minimizar» o impacto, Pimenta Machado ousou exemplificar: «tivemos seis eventos extremos, em que os caudais que em Daivões tinham 400m3 por segundo chegavam a Amarante com 800m3; isto é incrível; quando a barragem de Fridão foi pensada, era para amortecer isto; não temos, felizmente, a barragem de Fridão, mas certo é que temos de saber lidar com a situação e é esse compromisso que assumo, o de trazer a Amarante quem gere a barragem e podermos conversar para que Amarante consiga lidar melhor com as cheias», garantiu, citado pela RRB. [Redação]