Celorico de Basto viveu sábado (5) um dos momentos culturais mais marcantes do ano com a sessão pública da segunda edição do Concurso Literário de Poesia, inserido na Festa do Livro. O evento decorreu na Casa da Terra e contou com a participação do Presidente da República.
Demonstrando a sua ligação afetiva à cultura e ao livro, Marcelo Rebelo de Sousa começou por visitar a exposição literária da Casa da Terra, onde selecionou pessoalmente um conjunto significativo de obras de diversos géneros literários, incluindo publicações de autores locais.
Surpreendendo a organização, Marcelo Rebelo de Sousa subiu ao piso superior e, quebrando o protocolo, manifestou o desejo espontâneo de assistir e participar no evento que estava prestes a começar.
Iniciou-se a sessão com a intervenção do escritor e patrono da Festa do Livro, Afonso Valente Batista, que destacou o valor da palavra como pilar da liberdade, da criatividade e da expressão cultural.
Apresentou os números da edição: este ano foram submetidos 145 poemas de 76 autores, em claro contraste com os 76 textos recebidos na edição anterior, o que reflete o crescimento e consolidação da iniciativa. As candidaturas chegaram de várias regiões do país, confirmando o alcance nacional do concurso.
Valente Batista aproveitou para alertar para os perigos do abandono progressivo da linguagem escrita, especialmente entre os jovens, em favor de símbolos digitais e “emojis”, sublinhando a importância de se preservar o poder expressivo da palavra.
O Presidente da República valorizou, por seu turno, o envolvimento crescente da juventude e sublinhou o papel essencial da palavra na democracia, na liberdade de expressão e na construção de uma cidadania ativa.
Para Marcelo Rebelo de Sousa realçou, a palavra escrita é mais do que uma forma de comunicação, é uma ferramenta de pensamento crítico, de participação e de resistência cívica.
Para o Chefe de Estado, iniciativas como esta são vitais para manter viva a tradição literária e o espírito democrático, em especial numa era de comunicação rápida e superficial.
O presidente da Câmara Municipal, José Peixoto Lima, encerrou a ronda de intervenções, destacando que «uma terra sem cultura é uma terra sem alma». Sublinhou o compromisso da autarquia com a dinamização cultural e com a valorização da literatura como forma de afirmação coletiva e de abertura ao mundo.
Nuno Garcia Lopes é o vencedor
A sessão seguiu com a entrega dos prémios e das três menções honrosas a Matilde Sousa, com “À Cidade Que Trabalha”; Cristiano Mota, com “After Death”; e Sónia Teixeira, com “O Canto”.
Os grandes vencedores do Concurso de Poesia de Celorico de Basto foram Nuno da Conceição Garcia Lopes, com “Segundo O Livro de Gênesis” (1.º lugar); José Manuel Cardoso Moreira, com “Liberdade 1” (2.º lugar); e Verónica Alexandre Mota, com “Visões Noturnas” (3.º lugar).
Durante o evento, foram também debatidos temas prementes como o declínio da leitura entre os jovens, especialmente após o período pandémico, e os impactos da digitalização na comunicação. As soluções propostas passaram pelo fortalecimento das iniciativas culturais, a promoção de concursos literários como este, e o envolvimento mais profundo das escolas e da comunidade educativa na dinamização da leitura e da escrita criativa. No encerramento, ficou clara a mensagem de que a cultura, e particularmente a literatura, deve continuar a ocupar um lugar central na vida da comunidade.
A segunda edição do Concurso Literário de Poesia de Celorico de Basto destacou-se, não só pela expressiva participação, mas sobretudo pela qualidade dos trabalhos apresentados — reafirmando a palavra como ferramenta insubstituível de identidade, liberdade e futuro. [AMP].














