Erigido na década de 70 do século passado para funções educativas convencionais, o inestético edifício do “ciclo” celoricense sofreu agora uma adaptação para nova missão, no caso para funções educativas artísticas, ofícios tradicionais e eventos culturais, passando a designar-se Oficina da Música.
Depois de um investimento da ordem do milhão de euros, comparticipado a 86% por fundos comunitários, a nova vida do edifício – disse o presidente do executivo – «espelha o que o município tem procurado fazer um pouco por todo o concelho», da requalificação das antigas estações de caminho-de-ferro à adaptação de escolas, imóveis que dão origem a novos espaços, como por exemplo o Centro Cultural de Fermil e outros equipamentos que se propõem dar resposta às necessidades de habitação.
O renovado imóvel, que se integra na memória coletiva dos celoricenses, dá assim guarida à Academia de Música de Basto e à Banda Filarmónica de Santa Tecla, a par de outras coletividades concelhias e de um espaço de “coworking” integrado na Rede Nacional de Espaços de Teletrabalho.
A Academia de Música de Basto – relevou Peixoto Lima – tem desenvolvido «um papel essencial no ensino da música» e tem sido «importante parceiro no enriquecimento deste território de interior», desde logo ao permitir a igualdade de acesso ao ensino artístico, nomeadamente através de cursos oficiais de música nos regimes articulado, supletivo e livre, do pré-escolar ao secundário. «Prova do excelente trabalho que desempenha, são inúmeras as suas participações em concertos e outras iniciativas de índole cultural, quer nacional, quer internacional, de que se destacam as atuações no Centro Cultural de Belém, na Casa da Música da Cidade do Porto e em encontros musicais em Houille, Paris», sublinhou, evocando os 600 alunos que frequentam esta instituição com 25 anos de existência.
Referindo-se à Banda Filarmónica de Santa Tecla, o autarca lembrou a sua criação «nos inícios do século XX», na freguesia homónima, e o facto de ter passado «por alguns períodos de interregno», até ao renascimento em 1980, altura em que «alguns músicos apaixonados» lhe quiseram dar vida. «Hoje, com sangue novo e nas mãos de profundos amantes da música, a Banda, que conta com 50 elementos, reativou a Escola de Música, frequentada por 15 alunos, contando com muitos outros formados ao longo da sua existência», realçou.
A Oficina da Música acolhe também uma exposição – que o Terras de Basto não logrou apurar se temporária ou permanente – dedicada a instrumentos de música mecânica, propriedade do mondinense Joaquim Teixeira e que o Presidente da República considerou «uma relíquia». São cerca de uma centena de equipamentos, entre grafonolas de vários tipos, decorações e tamanhos, algumas com centenas de anos, todas operacionais, que «enchem este espaço de história».
«Estamos perante peças extraordinárias que nos fazem viajar no tempo e que nos demonstram como tudo evoluiu em tão curto espaço de tempo», sublinhou Peixoto Lima, que acompanhou Marcelo Rebelo de Sousa na visita à exposição e aos vários espaços da nova Oficina da Música de Celorico de Basto. [JPM].