A construção de um pavilhão industrial no coração da freguesia da Faia, em Cabeceiras de Basto, está a revoltar a população local, uma revolta que assenta essencialmente «no impacto visual» que a construção tem naquele espaço nobre da localidade.
Alegadamente sem licença, a construção, em betão, tem evoluído lentamente «desde há cerca de um ano», quando começaram as terraplanagens e os muros de suporte, sempre sem qualquer informação pública sobre a obra.
A construção deste pavilhão – que é do conhecimento do presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto desde o seu início – situação nas imediações da igreja paroquial e frente à casa mortuária.
Ao Terras de Basto, o presidente da Junta de Freguesia da Faia manifestou-se discordante do licenciamento de uma construção deste tipo naquele local, tendo estabelecido contacto «com a Câmara Municipal» quando ela começou a notar-se. «Tanto quanto sei, já falaram com uns projetistas… para licenciar a obra», disse Albino Magalhães.
O pavilhão destina-se, de acordo com as nossas fontes, a uma empresa que se dedica «ao transporte, tratamento e armazenamento de viaturas» que «traz do estrangeiro».
O autarca da Faia, ele próprio vizinho da nova construção, diz que o proprietário da empresa – com quem o Terras de Basto não logrou chegar à fala — «até colaborou com a freguesia, dando um bocado de terreno» para corrigir o traçado da estrada municipal que seve o centro da localidade, mas que, em contrapartida, «está a causar problemas», designadamente através da ocupação abusiva do espaço público com viaturas pesadas.
Há cerca de uma semana – foi possível saber – o pároco local viu-se obrigado a chamara a GNR para solicitar a remoção de «um reboque estacionado há dias junto à capela», o que prejudicava o contexto das celebrações religiosas para ali previstas.
Embora a instalação deste pavilhão e do seu impacto no ordenamento do território desagrade a todos os fregueses ouvidos por este jornal, todos os interlocutores pedem para não serem identificados «com medo de represálias».
À Câmara Municipal, o Terras de Basto solicitou informação, enviando ao gabinete do presidente, há dias, um conjunto de perguntas, que – como habitualmente – não tiveram ainda resposta. Perguntámos então se:
— são os competentes serviços municipais que o senhor tutela conhecedores da construção em curso – um pavilhão industrial – contíguo à capela/igreja matriz da Faia? está devidamente licenciada a construção em referência? quando foi emitida a licença de construção? tendo em conta que a remoção de terras e a construção de muros de suporte foi feita há cerca de um ano, foi esse procedimento devidamente licenciado pelos serviços municipais? tendo em conta que não existe no local a obrigatória informação legal, vai a câmara municipal atual, como lhe compete? pode dizer-me qual o objeto do pavilhão em causa? tem conhecimento da contestação que os residentes das imediações estão a fazer a esta construção no centro da freguesia? pode dizer-nos qual foi o destino da informação que o presidente da junta de freguesia fez chegar à câmara municipal neste âmbito? que resposta pondera dar ao presidente da junta e à população sobre a instalação de um pavilhão industrial no centro cívico da freguesia da Faia?
São estas as perguntas que continuam sem resposta por parte do presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, que dirige esta sexta-feira (28) mais uma reunião do executivo. [TB].

