A segunda edição do livro “O Mosteiro de São Miguel de Refojos: Joia do Barroco em Terras de Basto”, agora apresentada pelo município cabeceirense, pretende ser também uma homenagem póstuma ao seu autor, o monge beneditino Geraldo Coelho Dias.
Monge da Ordem de São Bento aos 17 anos, Geraldo José Amadeu Coelho Dias foi ordenado sacerdote em 1958 e licenciou-se em Teologia no Pontifício Ateneu de Santo Anselmo de Roma, em 1960, onde também frequentou o “Pontificium Institutum Biblicum”, realizando depois o estágio bíblico-arqueológico no “Studium Biblicum Franciscanum” de Jerusalém (1961-1962).
Falecido há cerca de um ano, foi membro fundador do Instituto de História Moderna da Universidade do Porto (2005), tendo realizado longo da sua vida diversas viagens de estudo e investigação a Israel, ao Egipto e a diversos outros países do Oriente, desenvolvendo temas bíblicos, de Judaísmo e de Orientalismo.
Paralelamente, continuou a publicar sobre temas portugueses, ligados à religião e religiosidade popular, instituições religiosas e monásticas (Beneditinos//cistercienses).
Quanto a “O Mosteiro de São Miguel de Refojos: Joia do Barroco em Terras de Basto”, a obra divide-se em dez capítulos e fixa a história de uma das casas mais relevantes no contexto do património beneditino do país, começando por se debruçar nas suas origens, abordando assim particularidades como “o cálice de Gueda Mendes”, “a estátua do Basto”, “o couto do mosteiro”, “os abades durante a Idade Média”, “o desenvolvimento do património do mosteiro” e “o período dos abades comendatários”.
Um terceiro capítulo é dedicado à importância do Mosteiro de Refojos no contexto da Congregação Beneditina Portuguesa (1570/1834), em que se fala, por exemplo, do Colégio de São Bento de Coimbra; da economia e da comunidade cabeceirense; da relação entre o mosteiro, as igrejas e os estudos; da cadeia monástica; das obras no mosteiro e do fomento agrícola; da botica monástica; da feira de São Miguel; da biblioteca monacal; da fábrica da nova igreja do mosteiro; e das invasões francesas ao liberalismo.
Sobre a “laicização do mosteiro” fala-se num quinto capítulo, tema que traz à colação a situação dos egressos, a confiscação e alienação do mosteiro; e dos incêndios e reparações.
O capítulo seguinte ocupa-se de uma visita artístico-cultural pelo mosteiro, espaço a espaço, da igreja ao zimbório, ao cadeiral monástico, transepto e seus altares, batistério, órgãos, claustro, refeitório, colégio, capítulo, varanda-solário, cruzeiro e ao tribunal.
Entre os documentos que este livro reproduz incluem-se o Foral do Couto de Refojos de Basto, um contrato monástico, uma consulta sobre a profissão de Loba Sarracins, o contrato para a construção da igreja nova, um contrato para corte de pedra para o mosteiro, a memória paroquial de 1758 e o regulamento das águas do mosteiro.
À sessão de apresentação desta segunda edição associaram-se Pedro Vilas-Boas Tavares, coordenador do Centro de Estudos Beneditinos instalado no Biblioteca do Mosteiro, e Luís Carlos Amaral, investigador do Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória” da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. [Redação].