Meio milhar de pessoas e 67 organizações escreveram uma carta ao Governo a pedir que desmantele o grupo extremista “Habeas Corpus”, que tem sido responsável por diversas manifestações contra a comunidade LGBTQI+ e expressões de ódio, entre elas algumas perpetradas em Cabeceiras de Basto.
Na carta aberta endereçada à ministra da Administração Interna, à ministra da Justiça e à ministra da Juventude, os signatários alertam para o perigo do grupo de extrema-direita e pedem ação ao governo.
A carta, que partiu de uma iniciativa da associação “Clube Safo”, em articulação com outras ativistas LGBTQI+, expõe os ataques de ódio que aquele grupo dirigiu à comunidade LGTBQI+ ao longo dos últimos meses.
«As notícias que alertam para os atos perigosos desta associação vão-se acumulando na imprensa sem que sejam tomadas as devidas ações contra esta organização para fazer cessar a violência», lê-se na carta.
Entre os alvos da associação estão vários lançamentos de livros relacionados com temáticas LGBTQI+. Desde logo em setembro de 2023, o lançamento do livro “No Meu Bairro”, de Lúcia Vicente e Tiago M, mas também a interrupção das apresentações dos livros “O avô Rui. O senhor do café”, de Mariana Jones, e “Mamã, quero ser um menino!”, de Ana Rita Almeida.
Outros alvos da organização foram o “Leiria Drag Festival” e uma sessão em Cabeceiras de Basto, em maio passado, com o tema “Luta contra a discriminação da comunidade LGBTI+ – Diversidade, género e orientação sexual”, que obrigou à intervenção da GNR.
É também denunciada pelos ativistas a «lista de terroristas LGBTQIA+ financiados com dinheiro dos impostos portugueses», uma enumeração de vários ativistas e militantes pelos direitos LGBTQI+, entre eles a vereadora cabeceirense Carla Lousada, que, segundo aquele grupo extremista são as «caras por detrás do lobby homossexual em Portugal».
Para além de denunciar os ataques e perseguições do grupo de extrema-direita, a carta – citada pelo sítio “Esquerda.Net” – alerta também para o facto de que esse mesmo grupo tem recorrido às redes sociais para intimidar a 1.ª Marcha do Orgulho LGBTQIA+ de Castelo Branco, que está marcada para dia 14 de setembro.
«Uma organização que promove o assédio, o ódio e a perseguição, numa cruzada contra os direitos humanos, não pode continuar a funcionar», dizem os signatários. «A República Portuguesa não pode ficar à espera de que um crime mais grave aconteça. Enquanto pessoas e associações alvo desta perseguição, apelamos a uma estratégia ativa e concertada do Governo para travar a desinformação, o ódio e a violência, fazendo prevalecer a atual lei portuguesa».
Também o presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto tem suspensa uma tomada de posição de repúdio e veemente condenação da publicação da citada «lista de terroristas LGBTQIA+» por aquele grupo radical e de solidariedade com a vereadora aí citada. [Redação].