«Maria da Consolação vestia sempre de preto. Um xaile cobria-lhe os ombros. Segurava-o pelas costas amarrado por um ferrugento alfinete de ama como se já fizesse parte da sua pele. Com passos miúdos que não se comparavam com os da métrica do velho Tristezas e não tinham a mesma nostalgia, agarrava uma das galinhas pelas asas e trazia-a para a porta da casa. Sentava-se na pedra que servia de banco ao lado da porta da cozinha que dava para o quintal com a galinha bem presa entre as pernas. Depenava-lhe o pescoço sentindo o sangue que fazia bater o coração da galinha. Num golpe rápido, cortava e o sangue esguichava para o alguidar. Abundante. A galinha debatia-se entre as pernas da velha. (…)».
Este é um excerto da saga “Os Velhos” que o escritor Afonso Valente Batista está a escrever para o Terras de Basto. Não deixe de ler na terceira edição impressa, já em distribuição.