O Ministro da Agricultura disse esta quarta-feira (25) que é preciso criar um pacto para a floresta e diminuir a burocracia para melhorar a gestão florestal e prevenir incêndios. José Manuel Fernandes, que falava aos jornalistas durante uma visita aos territórios afetados pelos incêndios da semana passada, afirmou que é fundamental valorizar a floresta e facilitar o emparcelamento, tornando o cadastro dos prédios rústicos menos burocrático e menos dispendioso.
O governante disse esperar ter pronto até ao final do ano um pacto nacional para a floresta, que permita dar-lhe recursos suficientes para que se torne mais resistente. «Nós estamos a trabalhá-lo. Amanhã [quinta-feira] haverá o Conselho de Ministros com várias decisões, que eu não vou antecipar, mas já está em curso e nós queremos até ao fim do ano ter este pacto», afirmou.
Segundo José Manuel Fernandes, «o objetivo é o de que haja um consenso, um pacto, uma estratégia nacional, que se coloquem recursos financeiros suficientes e que não haja entraves de outra natureza». Disse ainda que, desde maio, tem estado a preparar este pacto – que poderá vir a ter outro nome – com o secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira.
Ao ser questionado sobre se está a ser ponderada a restrição de plantação de determinadas espécies, o governante contou que esteve numa zona «que está no meio de um grande incêndio, tem mais de 80% de eucaliptos e não ardeu». «E não ardeu porquê? Porque está gerida. Nós temos de ter um mosaico. Nós temos de ter várias espécies, depois temos é de gerir bem o espaço», defendeu.
Por isso, acrescentou o ministro, o pacto nacional para a floresta terá de ter em conta «estes vários fatores, estas componentes». «Espero que haja um grande consenso neste objetivo e que esta tragédia tenha consequências em termos da nossa ação. Não podemos andar sempre a dizer o mesmo e depois ficar tudo na mesma também», frisou.
José Manuel Fernandes aludiu a dificuldades com a legislação e com a adesão dos proprietários, que têm de perceber «que podem ter uma floresta rentável», desde que seja gerida «como um condomínio», com «uma distribuição dos custos e também das receitas».
Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em consequência dos incêndios que atingiram na passada semana sobretudo as regiões Norte e Centro de Portugal. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil contabilizou oficialmente cinco mortos.
Os incêndios florestais consumiram, entre os dias 15 e 20 de setembro, cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu “Copernicus”. [Redação, com Lusa].