O Cemitério Municipal de Refojos, em Cabeceiras de Basto, recusou este sábado (14) o enterramento de uma senhora, falecida num lar residencial da vila, o que acontece, alegadamente, por falta de espaço.
Fonte familiar disse ao Terras de Basto que lhe foi sugerido o enterramento no cemitério de Santa Senhorinha ou então na terra natal da falecida, a freguesia de Atei, em Mondim de Basto.
«Somos naturais de Atei, mas vivemos há muitos anos no concelho de Cabeceiras de Basto, primeiro em Vila Nune e, desde 2017, na vila, antes de irmos os dois para o lar da Misericórdia; tínhamos falado, eu e a minha mulher, que iríamos ficar enterrados no cemitério de Cabeceiras e agora fazem-nos isto”, contou Arlindo M. a este jornal.
As cerimónias fúnebres — foi possível saber junto da agência funerária — chegaram a estar agendadas com o pároco de Refojos, estando «tudo marcado» para que se realizasse a trasladação do corpo para o Cemitério Municipal.
«Depois de tudo tratado com o senhor padre, foi-nos dito pelo coveiro que não iria ser possível sepultar ali a minha mulher… Que tinha de ir para terra dela; ora, tínhamos combinado que iríamos ficar os dois aqui; isto não tem jeito nenhum», diz o marido, adiantando que o assunto motivou «um contacto do coveiro com o vereador», que não resultou em nada de diferente.
«Disseram-me para a levar para Santa Senhorinha, mas Santa Senhorinha não me diz nada… Ela queria ficar em Cabeceiras, como eu queria», adianta o familiar, acrescentando que, face a esta situação, resolveu fazer o funeral em Atei, onde vai de facto acontecer este domingo (15).
«Estou revoltado com isto; a minha mulher não pôde ser enterrada na terra de que gostava, onde estava recenseada, como eu estou, há tantos anos», desabafou.
O Terras de Basto sabe que os serviços municipais fizeram, há mais de um ano, o levantamento das sepulturas abandonadas, altura em que existiam seis sepulturas de reserva, que, entretanto, terão sido também vendidas.
Sabe também que durante a recente pandemia já se falava da necessidade de ampliar o cemitério e que essa vontade tem esbarrado na indisponibilidade dos proprietários circundantes para vender terreno à autarquia.
«Hoje, se acontecer alguma tragédia em que morram várias pessoas, não há sepulturas», sublinha outra fonte ouvida por este jornal.
Uma outra fonte aduziu, entretanto, que o Cemitério Municipal poderia ter espaços vagos «se a sua gestão fosse mais cuidada», afirmação que tentou provar com um caso pessoal: «em março, pedi a trasladação de um familiar meu de uma sepultura temporária para a sepultura adquirida pela família; até hoje não obtive qualquer resposta; ou seja, se tivessem sido mais rápidos, conforme me foi prometido, talvez já houvesse o espaço de que precisam no cemitério», conta.
O Terras de Basto tentou ouvir o Município de Cabeceiras de Basto sobre este assunto, mas ainda não foi possível. [JPM].