O anterior presidente da Assembleia de Freguesia de Cavez, em Cabeceiras de Basto, veio agora a público «lamentar, e muito, o estado de total degradação e abandono» a que, em sua opinião, foi votada a praia fluvial da localidade.
Em nota nas redes sociais, Rui Rego Machado – que se demitiu da liderança daquele órgão autárquico em dezembro de 2022, depois de eleito numa lista proposta pelo movimento de cidadãos “Independentes Por Cabeceiras” – diz não perceber como é que «um espaço que deveria ser um orgulho para a freguesia e um local de lazer para todos os habitantes está transformado numa verdadeira vergonha».
A relva – justifica –, «em vez de verdejante e convidativa, está seca, como se estivéssemos no meio do deserto; a piscina, que deveria ser um ponto de atração nos dias quentes, está vazia, talvez na moda da austeridade… mas sem água; e o cheiro a fossa é tão marcante que nem precisamos de placas de sinalização: seguimos o aroma».
Refere-se ainda à zona da esplanada, que – diz –, «em vez de ser um local agradável para relaxar, parece um cenário de filme pós-apocalíptico»; bem assim como às sombras, que diz serem «uma raridade, um luxo que parece ser difícil de providenciar».
Entidades competentes em meditação silenciosa
Rui Rego Machado – que, embora tenha invocado razões de saúde para se demitir, não deixou de realçar então que «algo tinha mudado na conduta de alguns elementos da freguesia» que o «fizera desacreditar em mudanças positivas em prol da população» — adianta, entretanto, que questionou há meses «as entidades responsáveis por este estado lastimável», tendo recebido em troca «o mais absoluto e ensurdecedor silêncio».
«Nem uma palavra, nem uma promessa vaga, nem sequer um sinal de fumo. Parece que a estratégia de gestão passa por esperar que nos cansemos de pedir e simplesmente desistamos de esperar. O mesmo se passou quando perguntei sobre a reabertura da pista de pesca. A resposta? Silêncio absoluto. Talvez estejam a praticar uma nova técnica de comunicação baseada na meditação silenciosa», chega a ironizar.
Para o ex-autarca, a falta de resposta e de ação por parte das entidades «é, no mínimo, uma falta de respeito para com todos os que acreditaram no potencial deste espaço e que, ano após ano, vêem a praia fluvial a cair aos pedaços».
«Não pedimos muito, apenas um local digno onde possamos passar os nossos dias de verão com alguma qualidade e, claro, sem ter de recorrer a máscara de oxigénio por causa do cheiro. Está na hora de agir, antes que a Praia Fluvial de Cavez se torne numa lenda esquecida contada pelos mais velhos sobre um local que um dia já foi um ponto de encontro da comunidade», conclui.
Recorde-se que, em inícios de julho passado, Rui Rego Machado veio igualmente a público perguntar «para quando a reabertura da Pista Internacional de Pesca Desportiva de Cavez», uma mensagem dirigida à «prezada Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto» e à Junta de Freguesia de Cavez.
Enfatizava então a «preocupação» com que que «os cidadãos locais e a comunidade de pesca desportiva nacional observam um investimento de milhões de euros permanecer sem qualquer utilidade».
A pista, que foi remodelada e sobre a qual «havia grandes expectativas de como iria ficar», encontra-se agora abandonada, «gerando frustração entre habitantes e visitantes, que esperavam beneficiar da infraestrutura.
«Qual é o plano para revitalizar este espaço? Haverá um cronograma para a sua reabertura ou alguma estratégia em curso para garantir que este investimento não seja desperdiçado? A comunidade, que tanto aguardou pela conclusão do projeto, merece uma resposta clara e ações concretas», dizia Rui Rego Machado. [Redação; fotografias de Maria Oliveira].