«Podemos considerar que a situação está grave; aliás, muito grave; há imensos animais infetados na região e, pelo que sei, em mais zonas do país». É assim que o médico-veterinário Filipe Oliveira caracteriza o surto de uma virose propagada por um mosquito que está a afetar o gado bovino das Terras de Basto.
O especialista cabeceirense, que admite tratar-se de uma “doença hemorrágica enzoótica”, diz que «a possibilidade de contágio é enorme», embora «raramente» mortal. «Como se trata de uma virose, não tem tratamento específico, aplicando-se apenas medicação de suporte», diz, em declarações ao Terras de Basto.
Normalmente — diz Filipe Oliveira — os sintomas ocorrem 2 a 10 dias após o contágio e caracterizam-se por febre, falta de apetite, lesões graves na boca e nariz, dificuldade em engolir, manqueira, podendo evoluir para pneumonia.
«Estamos, juntamente comos produtores, a lutar contra esta epidemia, tratando imensos animais; é importante referir que esta virose não implica sequestros sanitários, nem afeta a qualidade da carne comercializada», faz questão de salientar.
Também a Organização de Produtores Pecuários de Boticas – concelho que faz fronteira com Cabeceiras de Basto na zona de Barroso – está a alertar os produtores de bovinos, ovinos e caprinos devido à «forte suspeita clínica» desta doença hemorrágica no seu território.
Citado pelo Canal Alto Tâmega, o médico-veterinário e coordenador daquela organização de produtores, João Paulo Costa, adiantou que estão a ser realizadas recolhas de amostras para a validação laboratorial das suspeitas em animais que apresentaram sinais clínicos compatíveis com a doença.
O médico-veterinário refere que os produtores estão «apreensivos e preocupados», tratando-se, como se trata, de «um vírus altamente contagioso».
Entretanto, como medida de prevenção, o médico-veterinário cabeceirense — que, a título pessoal, denunciou a situação em publicação nas suas redes sociais, este domingo – aconselha a aplicação de produtos repelentes de moscas e mosquitos, diretamente nos animais e estábulos. «O tratamento na fase inicial da patologia aumenta significativamente as hipóteses de o animal sobreviver, ou seja, aos primeiros sintomas, o produtor de gado deve contactar de imediato o veterinário», sublinha.
De acordo com João Paulo Costa, que exerce funções de veterinário municipal em Boticas, «há animais que são portadores da doença, mas que não desenvolvem sintomas, outros que recuperam muito rápido, outros que têm sintomas graves ou ligeiros, uns que recuperam mais rápido, outros demoram mais tempo, mas a mortalidade é baixa».
Este especialista diz não ter tido ainda conhecimento de nenhuma morte e realça também que a possibilidade de contágio «é bastante elevada, embora a letalidade seja frequentemente reduzida».
«Só comecei a ver casos destes na semana passada e, para já, no morreu nenhum”», afirmou, citado pelo jornal “Ecos de Boticas”. Adiantou, entretanto, que «a doença já foi confirmada em Chaves, em Valpaços e Vila Pouca [de Aguiar]».
A Direção Geral de Alimentação e Veterinária poderá disponibilizar em breve uma vacina para esta doença. [JPM].