Sábado, Maio 31, 2025
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“Basto Vida”: presidência a “um terço”, direção técnica e clínica “a meio tempo”

Diretora-técnica da Unidade de Cuidados Continuados, mas apenas a meio-tempo, cumprindo um horário livre de 17,5 horas por semana. É este o novo estatuto da enfermeira Luísa Pereira na régie-cooperativa “Basto Vida”, entidade que tem no Município de Cabeceiras de Basto o seu principal cooperante.

A informação – que se recusou a dar em tempo ao Terras de Basto – foi prestada pela presidente da direção da instituição, que é também vereadora municipal, durante a última reunião do executivo, sexta-feira passada, instada que foi pela oposição a pronunciar-se sobre o assunto.

Carla Lousada – que preside ainda à Fundação AJGomes da Cunha, de São Nicolau –, disse não sentir «nenhum desconforto com a situação», até porque «o serviço está assegurado». Este jornal sabe, contudo, que a vereadora tem feito «desabafos» junto de pessoas que lhe são próximas que dão conta precisamente do contrário: «ela sente-se obviamente desconfortável com mais este caso, mas… não tem coragem de dizer ao presidente para resolver ele os seus problemas», diz fonte municipal, que pode o anonimato.

Na reunião de câmara, a vereadora socialista respondeu então a um conjunto de questões que lhe foram dirigidas pelo líder da oposição, Manuel António Teixeira: «Está a diretora técnica a exercer funções noutro local? Desde quando? Houve comunicação ao presidente da câmara? Houve acordo? Quais os horários que pratica? Há sustentação jurídica para esta situação?».

Tal como o Terras de Basto noticiara, a vereadora explicou então que Luísa Pereira – atual mulher do presidente da câmara – assumira funções públicas no âmbito da Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa, alegadamente por força de se encontrar numa bolsa de reserva de recrutamento decorrente de um concurso público em que participara.

E é neste contexto que são colocadas ao Terras de Basto novas dúvidas. Fonte que acompanha este processo põe em causa a existência de tal bolsa de recrutamento. «Se as ULS foram agora criadas, se a ULS do Tâmega e Sousa promoveu um concurso em outubro ou novembro de 2024 e o nome dela não aparece entre os concorrentes… Se a ARS/Norte foi oficialmente extinta em setembro de 2024, como é que a chamam concorrentes com base numa bolsa de recrutamento criada no seu âmbito?», interroga-se.

De acordo com esta fonte, «porque estamos perante factos políticos muito sensíveis» — não só porque «está em causa uma familiar de um titular de poder executivo, como é o presidente da câmara, que representa oitenta por cento do capital da “Basto Vida”, o que lhe dá mais poder do que à própria presidente da direção» — «manda a ética que eles sejam bem explicados, designadamente que sejam publicamente exibidas provas do processo burocrático-administrativo», «para que não restem dúvidas».

Mas voltemos aos factos relatados pela vereadora e presidente da direção em contexto de reunião de câmara: «A 28 de dezembro, a enfermeira Luísa disse-me que tinha de agarrar o lugar e eu respondi-lhe que a “Basto Vida” não a ia impedir, mas que precisava dela», disse Carla Lousada, numa narrativa notoriamente preparada com antecedência.

«Dia 30, reuni com os membros da direção e autorizámo-la a acumular o cargo de direção-técnica e que seria substituída como enfermeira-coordenadora; pedimos um parecer jurídico ao advogado e foi-me dito que não haveria problema nenhum; para o lugar de enfermeira-coordenadora encontrámos uma pessoa que já estava a ajudar… Ficou a meio tempo com a direção-técnica, isenta de um horário… 17,5 horas, a meio tempo», contou ainda a vereadora.

O primeiro vereador da oposição perguntou-lhe então se «achava suficiente» o meio tempo para o exercício daquelas funções, ouvindo como resposta que «sim, atendendo a que tem uma enfermeira-coordenadora».

O candidato da coligação PSD/CDS à presidência da câmara perguntou ainda à vereadora socialista se considerava normal «uma instituição que vive de dinheiros municipais, de comparticipações do Estado e dos contribuintes, ter todos os seus dirigentes – presidente, direção-clínica e direção-técnica – a gerirem a tempo parcial». Carla Lousada respondeu que «sim» e que este facto «não traz qualquer problema no seu funcionamento e na qualidade dos cuidados prestados». Acrescentou, aliás, que era «normal, noutras instituições do concelho, quer os cargos de direção-técnica, quer de direção-clínica», serem «desempenhados a tempo parcial».

Neste assunto – abordado no período de “antes da ordem do dia” – envolveram-se ligeiramente os dois vereadores do movimento de cidadãos “IPC”, Jorge Machado para dizer que «estava à espera» que, depois do que era público, por iniciativa do Terras de Basto, a presidente da direção da “Basto Vida” tivesse tido a iniciativa de se explicar.

Já Hélder Vaz preferiu colocar a Carla Lousada uma pergunta retórica: «se, desde que a direção-técnica passou a ser exercida a meio-tempo, se tinha havido alguma queixa… se os serviços têm sido concretizados…».

MAT GARANTE QUE NUNCA HAVERÁ CAÇA ÀS BRUXAS

O líder da oposição aproveitou, entretanto, este ponto da discussão para fazer uma declaração pública, que lhe foi suscitada por comentários surgidos nas redes sociais no âmbito das notícias divulgadas pelo Terras de Basto, «comentários que extravasaram as redes sociais e entraram nos serviços municipais».

Garantiu então Manuel António Teixeira que, «ao contrário de situações passadas ou recentes», sendo eleito presidente da câmara, como espera, assume «o firme compromisso de que nunca haverá qualquer perseguição política a quadros do município», não só porque tal é ilegal, mas porque vai contra os seus princípios. «Haverá apenas a exigência de profissionalismo, para assim correspondermos aos anseios da população», reiterou. [Redação].

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